Análise dos fatos  

Posted by Zé Roberto in


É pergunta freqüente nos meios culturais pirajuense, o porquê da cidade ter vivido um período de desenvolvimento frenético até o início do século XX e logo em seguida experimentar uma estagnação econômica que se arrastou até o final do século. Vários fatores colaboraram decisivamente para que Piraju vivenciasse esses dois ciclos históricos de sua economia, mas, para a perfeita compreensão dos fatos, é necessário uma analise crítica e longe das paixões em relação às glórias passadas.
Nascida como São Sebastião do Tijuco Preto no final do segundo reinado, Piraju e várias outras cidades encravadas dentro do sertão paulista foram planejadas pelo Governador da Província e fundadas com uma única missão: a expansão da lavoura cafeeira dentro dos domínios de São Paulo. O café, após um longo período de adaptação em solo brasileiro, transformou-se no principal produto de exportação do país, gerou grandes somas aos cofres públicos e enriqueceu os grandes proprietários de terras da época. Com o advento da República, a elite rural que já detinha o poder econômico, assumia também o poder político e isso, dentro da História, não poderia ter sido diferente, foi a chamada era dos coronéis do café.
Piraju não fugiu as regras e via no coronel e mais tarde General Ataliba Leonel sua figura mais expressiva dentro do cenário político nacional. Eleito Deputado Federal e em seguida Senador da República, Ataliba não tardou em trazer o progresso para sua cidadezinha interiorana fazendo com que ela se transformasse em um enorme canteiro de obras. Eram ruas sendo alargadas e niveladas, praças que antes eram apenas pastos recebendo obras de paisagismo, usinas hidroelétricas que até então era novidade no país, ramal de estrada de ferro e a implantação de trilhos por onde correriam os bondes de cargas e passageiros e enquanto isso, dentro dos padrões de uma cidade de interior, verdadeiras mansões eram erguidas, todas pertencentes aos milionários produtores de café.
1929 surgiu como divisor de águas dentro da história de Piraju, foi nesse ano que ocorreu a tão falada quebra da bolsa de Nova Iorque, fato que fez despencar o preço do café no mercado internacional e transformou-se no primeiro grande golpe nos bolsos da economia pirajuense. Nesse período, foram queimadas toneladas do produto que, devido ao baixo preço, abarrotavam os armazéns da extinta Sorocabana. A partir de então, os acontecimentos passaram a ocorrer de forma inversa, pois, se o poder econômico trouxe de carona o poder político, a perda do mesmo já era premeditada.
Na Revolução de 1932, a oligarquia cafeeira gastou suas últimas energias na tentativa de assegurar pelo menos o poder político, mas após o insucesso na batalha e com a posse do gaucho Getúlio Vargas na Presidência da República os coronéis passaram a viver apenas nos bastidores da política e a lavoura de café foi gradativamente cedendo espaço para outras culturas. Inserida nesse contexto, Piraju que até então prosperava, caiu no esquecimento e passou a perder tudo aquilo que havia conquistado.
É fato comum ouvirmos dizer que o maior erro teria sido o investimento maciço em uma só cultura agrícola e que se houvesse diversificação a cidade não sofreria o impacto econômico e hoje poderia ser quem sabe, uma metrópole. Pois bem, desde meus tempos de faculdade eu costumo dizer que “não podemos olhar o passado com os olhos do presente” e esse pensamento encaixa-se perfeitamente dentro desses acontecimentos, pois, se fizermos uma análise dos padrões e costumes da época, iremos concluir que todas as benfeitorias aqui construídas, visavam única e exclusivamente beneficiar os coronéis locais. As usinas hidroelétricas foram construídas para gerar energia que se transformariam em força motriz aos bondes que por sua vez, serviriam como meio de transporte para a safra de café e o principal beneficiado seria justamente o General Ataliba Leonel, pois o bonde saía de Sarutaiá, até então um distrito de Piraju e fazia parada dentro da fazenda do general tendo como ponto final, o ramal da estrada de ferro no antigo Bairro da Estação, hoje Distrito de Tibiriçá do Paranapanema. O ramal por sua vez, possuía uma estação de embarque e desembarque dentro da fazenda do Coronel Nhonhô Braga, atual fazenda milho híbrido, popularmente conhecida como fazenda do estado (foto). Esse ramal seguia até a vizinha cidade de Manduri de onde, através das malhas da extinta Estrada de Ferro Sorocabana o café seria despachado para o porto de Santos de onde o produto seguiria para diversos países do mundo, principalmente para abastecer o mercado europeu. Portanto, Piraju viveu aquilo que era de interesse dos coronéis e quando esses homens quebraram financeiramente, a cidade estagnou e passou a mostrar a imagem de uma população pobre que já existia na época das “vacas gordas”, mas vivia ofuscada pelo brilho do progresso.

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2 comentários

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9 de agosto de 2009 às 18:54

Sou pirajuense e professora, adorei todas esas informações sobre nossa cidade. Parabéns

11 de janeiro de 2010 às 10:26

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